Canadense faz livro sobre merenda escolar e elogia a comida brasileira.


Canadense faz livro sobre merenda escolar e elogia a comida brasileira.

Obra mostra o que crianças de várias partes do mundo comem nas escolas.
'Merenda escolar do Brasil é inspiração ao mundo', diz Andrea Curtis.

Arroz, feijão, carne com legumes e alface. Um copo de suco de laranja e uma banana de sobremesa. A merenda escolar brasileira é destacada em livro que mostra o que as crianças de 13 países do mundo comem na escola. O livro “What’s for Lunch?: How Schoolchildren Eat Around the World” (O que há para o almoço? (Como os alunos comem ao redor do mundo), da autora canadense Andrea Curtis, mostra as diferenças das merendas em vários países, da comida industrializada do Canadá ao mingau servido em um campo de refugiados no Quênia, e coloca o programa alimentar das escolas brasileiras como um modelo a ser observado.

O livro foi lançado este mês no Canadá e em outubro começará a ser vendido nos Estados Unidos. As fotos, feitas em um estúdio de Toronto, mostram a diversidade oferecida para as crianças de acordo com cada país. “A merenda brasileira é uma inspiração para nós”, avalia Andrea em entrevista ao G1. “É uma estratégia interessante de combater a fome e a pobreza.”

Mãe de dois filhos, de 08 e 13 anos, a autora do livro acredita que o preparo do que as crianças vão comer na escola é uma oportunidade para os pais interagirem com os filhos e garante que depois que os pequenos aprendem de onde vêm os alimentos, eles passam a pedir comida saudável nas refeições. Leia a entrevista:

G1 - Por que você decidiu abordar as diferenças e semelhanças entre países, através da merenda escolar?

Andrea Curtis – Seja em Belo Horizonte, no Brasil, Kandahar, no Afeganistão ou Toronto, Canadá, a refeição escolar é uma experiência comum entre crianças de todo o mundo. Embora a comida seja diferente em cada país, quando as crianças sentam juntas na escola para comer ela se sente em um ambiente familiar. Considerei que um livro sobre este tema poderia ser uma ótima maneira de falar sobre as semelhanças e diferenças entre as complexas políticas do nosso sistema internacional de alimentos.

Para os pais, as crianças comem o que querem ou o que é mais saudável?

Eu penso que o que é saudável e o que as crianças gostam muitas vezes é a mesma coisa. Na cultura ocidental, os pais se desdobram para atender ao que a indústria decide o que a criança quer comer. Há menus para crianças em restaurantes, alimentos infantis industrializados, as “junkie foods”, como nuggets de frango, queijo processado e batatas fritas. Isto no fundo é mais uma oportunidade das empresas de alimento vender comida embalada e processada, do que uma resposta aos desejos reais das crianças. Em minha pesquisa descobri que, contrariamente à crença popular, as crianças realmente se preocupam com o que comem. Quando elas têm a oportunidade de aprender sobre de onde vem o alimento, como ele é cultivado e como fazê-lo crescer, as crianças se tornam ferozes defensores de uma alimentação saudável e das comidas produzidas em um ambiente sustentável.

O que seus filhos mais gostam de comer na escola?

Eu moro em Toronto, Canadá, onde 90% das crianças levam o lanche para a escola. Somos a nação do G8 só que não tem um programa nacional de nutrição para crianças em idade escolar. Todos os dias, meu marido e eu trabalhamos muito duro para fazer algo saudável para nossos dois filhos. A comida pode ser embalada em um saco pequeno (e comido em cerca de 10 minutos). Todos os dias é uma luta. Meus filhos muitas vezes comem espaguete com molho de tomate amarzenado em uma garrafa térmica que mantém a comida quente, além de um vegetal (pepinos, cenouras, pimentas vermelhas), frutas (morango, maçã, pêra), água, cookie ou iogurte.

O que você tem a dizer sobre a merenda escolar do Brasil?

Eu vejo as refeições escolares no Brasil (como as de muitos outros países) como uma inspiração para todos nós. Para começar, eu adoro arroz e feijão! A merenda escolar brasileira é parte de uma estratégia integrada para aliviar a fome ea pobreza. O frescor dos alimentos também é impressionante. Acho interessante também a política de obrigar as escolas a usarem 30% da comida produzida na sua região para fazer a merenda escolar. Isto vai gerar benefícios econômicos para a comunidade, bem como ter um impacto sobre a saúde e os resultados da aprendizagem para as crianças. Tive ajuda de uma brasileira naturalizada canadense, a educadora Cecília Rocha, que conhece muito sobre o assunto, e acompanhei a colaboração entre o Brasil e o Centro de Excelência Contra a Fome (WFP) cuidadosamente.

Como a merenda escolar pode ser usada para abrir o diálogo entre crianças e adultos, escolas, famílias e governo?

A merenda escolar é oportunidade para os países colocarem seus valores em ação, com refeições saudáveis, universalmente disponíveis que podem atender cada criança. É uma oportunidade para cultivar e apoiar as economias locais por meio de estratégias de aquisição. É uma oportunidade para assegurar que os alunos de baixa renda as crianças tenha as mesmas oportunidades de aprendizagem que os outros. É uma oportunidade para promover os valores da cultura, bem como as diferenças. A merenda escolar também é um assunto no qual as crianças podem fazer-se ouvir sobre as questões que preocupam. Um lugar onde eles podem começar a ter um impacto sobre a comida que comem, mostrando educadores, pais e políticos que se preocupam sobre como seu alimento é cultivado, as condições das pessoas que fazem o plantio, o impacto das práticas agrícolas sobre a terra, bem como a importância do acesso equitativo para todos. Dada a oportunidade, as crianças podem ser defensores poderosos para um sistema alimentar mais saudável, mais sustentável e justo.

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