Compras governamentais estimulam fornecimento de produtos da agricultura familiar ao varejo.
Fornecimento
aos programas do governo mobiliza cerca de 300 mil famílias em todo o país.
Quatro
mil cooperativas e associações familiares estão inscritas em programas de
compras governamentais, como o de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o de Produção de Biodiesel (PNPB). O
fornecimento aos programas mobiliza cerca de 300 mil famílias em todo o país.
A
avaliação no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é que o fornecimento
de alimentos e produtos extrativistas a esses programas ajuda as cooperativas a
se organizar e a melhorar a produção. O incremento favorece a entrada dos
produtos dessas cooperativas nas redes privadas de supermercados.
Quando
uma cooperativa, uma associação, entra em um programa como esse passa por uma
experiência de formalização. Às vezes, tem que tirar um registro do produto,
tem que retirar as notas fiscais, tem que organizar a logística, tem que ter
regularidade disse o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de
Valor da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, Arnoldo de Campos.
Segundo
ele, "as compras não são de balcão", mas estabelecidas em projeto, e
há produtos que as cooperativas devem fornecer o ano inteiro.
As
cooperativas têm que programar a produção e isso acaba fazendo com que adquiram
uma experiência nova, que acaba servindo ao mercado também – afirma o diretor.
Além da
melhora da capacidade de gestão, as cooperativas estão sendo mais procuradas
por necessidade do varejo.
A gente
está vivendo um crescimento da economia pela parte de baixo da pirâmide, o que
significa mais alimentação em casa, a diversificação da cesta de alimentos,
produtos diferenciados, o que tem impacto direto nas redes varejistas. Essas
redes passam a demandar fornecedores mais frequentes, mais regulares, mais
qualificados, abrindo as portas para a agricultura familiar com a produção
orgânica, o produto regional, produto típico, produto da biodiversidade – disse
Campos.
De acordo
com o diretor, as compras públicas iniciam um "círculo virtuoso" e as
cooperativas, com a garantia de escoamento de toda a produção, compram sementes
melhores, mais insumos e equipamentos, o que aumenta a produtividade. Com isso,
há condições para as cooperativas agregarem mais valor aos produtos.
A Coop
Cerrado reúne a produção de baru, gergelim e flocos de arroz de 30 municípios
nos Estados de Goiás, Minas Gerais e da Bahia para fornecer barrinhas de
cereais. Outro exemplo é a Coopaf, no Paraná, que em vez de fornecer trigo,
beneficia o alimento com uma empresa terceirizada e fornece macarrão às escolas
da região.
Cerca de
70% dos produtos da cesta básica no Brasil, como feijão, hortaliças, leite,
carne suína e de frango são produzidos por agricultores familiares. Além de
produtos tradicionais, cresce na rede varejista a demanda por castanha do
Brasil, pequi, umbu, pinhão e erva mate.
São
produtos típicos da biodiversidade brasileira que estão ganhando as prateleiras
e abrem nova perspectiva para a agricultura familiar – afirma o diretor.
O governo
contabiliza mais de 12 mil cooperativas em todo o país e cerca de 4,3 milhões
de famílias de pequenos agricultores. Conforme Arnoldo Campos, a meta até 2014
é superar os 10% desse universo. Este ano, o governo pretende estabelecer
acordos com as redes varejistas para a compra de alimentos das cooperativas
apoiadas pelo MDA.
Fonte: www.rbsrural.com.br
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