Máfia da merenda escolar atinge 20 cidades.

Planilha mostra suposta tentativa de empresa em ''pechinchar'' valor da propina paga a políticos e funcionários públicos em três Estados brasileiros.

Pen drives apreendidos pelo Ministério Público Estadual (MPE) na casa do diretor de uma empresa acusada de fazer parte da máfia da merenda revelaram documentos e planilhas de supostos pagamentos de propinas para prefeituras de 20 cidades de três Estados - São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A chamada máfia da merenda é acusada de fraudar licitações, fornecer alimentos estragados e pagar propina a políticos.

Um dos documentos arquivados no pen drive é uma planilha na qual são listados 18 dos 20 municípios. A tabela mostra valores de contratos e a porcentagem da suposta propina paga pela empresa Verdurama. Além do valor de luvas no fechamento do contrato, que iam de 2% a 13% do total, alguns municípios receberiam um fixo mensal.

O quadro mostraria a disposição da empresa de obter um abatimento da propina, renegociando os valores com os corruptos, fazendo uma economia de R$ 1,3 milhão por ano. Sete dos municípios que aparecem na planilha já haviam sido citados em grampos telefônicos feitos em 2008 pela Polícia Civil durante uma investigação de seqüestro. Na época, conversas no telefone de um contador da Verdurama foram interceptadas mostrando supostos pagamentos de propinas.

Entre essas cidades estão Barueri e Caraguatatuba - suas atuais administrações negam relação com a Verdurama, cujos representantes também sempre negaram os subornos. Os documentos que citam as supostas planilhas da Verdurama foram achados em um pen drive apreendido na casa de Silvio Marques, sócio e diretor da Gourmaitre.

Os promotores que investigam o caso acusam a Verdurama e a Gourmaitre de serem empresas coligadas à SP Alimentação, a maior fornecedora de merenda do País. Outra planilha que estava em um pen drive mostraria pagamentos específicos para o município de Jandira, na Grande São Paulo. Os promotores encontraram valores pagos quinzenalmente para a Secretaria de Educação de Jandira que variavam de R$ 25,7 mil a R$ 56,6 mil.

Em Santana do Parnaíba, a Prefeitura decidiu romper o contrato com a Verdurama em 2008, acusando a empresa de irregularidades. Além de denunciar o caso à promotoria, ela decidiu pedir R$ 2 milhões de indenização.

Semab. Há ainda documentos com o suposto pagamento de 10% de comissão para contratos em Diadema e 16% de propina para Cotia - ambos na Grande São Paulo. E inscrições no mesmo quadro sobre pagamentos mensais para Semab. Os promotores desconfiam que a sigla esconda a Secretaria de Abastecimento do Município de São Paulo, que cuidou da merenda da cidade.

Uma testemunha ouvida pelos promotores - cujo nome é mantido em sigilo - confirmou que as anotações no documento se referem ao pagamento de propinas. A testemunha revelou códigos usados na planilha que vão de S1 a S40. No caso da Semab, que a testemunha diz ser a secretaria de São Paulo, o código S2B indiciaria pagamento de propina de R$ 10,8 mil para um funcionário todo dia 20. Já o código S1 seria o valor de 5% de propina, pago sobre o total do contrato com a cidade de São Paulo.

Em um dos documentos há a inscrição Semab acompanhada do valor R$ 50 mil. A data é de 2007. O memorando está assinado em papel timbrado da SP Alimentação - os promotores querem saber se esse documento também se refere à capital. Em outro papel da empresa, há menção a dois valores de R$ 100 mil ao lado das datas 07 e 14 de março.

"Retorno". Em outro memorando da SP Alimentação existe uma anotação à mão com pedido de R$ 40 mil para "retorno para Itaqua". Outro documento, assinado pelo diretor de uma das empresas, mostra três pagamento para Doutor Cortez, de Limeira. Cada um deles de R$ 50 mil, ocorrido em 2007 e em 2008.

Fonte: http://www.estadao.com.br/

Bruno Tavares e Marcelo Godoy - O Estado de São Paulo.

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